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Convite de Inauguração

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Entrevista com Leandro Andrade, Idealizador do projeto Ilha da Cultura

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Leandro Augusto de Andrade, 22 anos.
Publicitário. Estudou Publicidade e Propaganda no UNIFEG por 3 anos.
Idealizador do Projeto Ilha da Cultura.



GAZETA REGIONAL: De onde partiu a iniciativa de montar uma biblioteca comunitária? E porque o alto da cidade, já que você sempre frisou que a queria no Bom Jesus, ou Pássaro da Ilha, ou Renovação?

Leandro Andrade:
Logo após o crescimento comercial na comunidade do Bairro Bom Jesus e suas adjacências, percebei uma grande necessidade de investimentos por parte pública no setor de Cultura, acesso á informação e formação de leitores. Estes Bairros são formados por uma população de maioria baixa renda e sem acesso a informação. Analisando fatores socioeconômicos dessa comunidade, como: diversos pedintes perambulando pelas ruas desses bairros, furtos executados por parte de crianças e jovens, uso de entorpecentes, falta de acessibilidade á uma biblioteca ou a um espaço cultural, nível de desistência escolar alto entre outros, tive a idéia de se criar um Espaço de Inclusão Socio-Cultural, visando a inclusão social e cultural, através do acesso a informação, a leitura e a formação de leitores.
Em 2007 trabalhei alguns meses em uma ONG (ONG Anjo Menino) de Inclusão Social na cidade São Paulo, atendendo várias comunidades em situação de risco social, vendo, aprendendo e obtendo várias informações de como funcionava o auxílio dessa população, aprendo como trabalhar com excluídos e aprendendo a ser um cidadão consciente de seu dever dentro da sociedade, resolvi voltar para minha terra e realizar algo, que por mais que pareça pequeno, pode mudar o mundo: Valorizar cada ser humano, dando oportunidade de conhecer diferentes costumes, diferentes idéias e lugares, além de se tornar um cidadão consciente, e de ter em suas mãos soluções para as dificuldades de seu dia-a-dia, tudo isso através do ato da leitura.


GR: Como foi o início do projeto? E como foi a mobilização da cidade para a campanha?

Leandro Andrade:
Quando vamos começar a implantar um projeto social no qual precisamos da comunidade, temos que realizar um planejamento, depois que fiz esse planejamento, já havia todas as respostas de comunicação e todas a mídias que eu poderia usar para me comunicar com a população. Em Abril de 2007, quando começou a campanha “Doe um Livro”, apresentei o projeto da Ilha da Cultura a quatro empresários de Guaranésia, pedindo um espaço em seu estabelecimento para que eu pudesse colocar as caixas de coleta. Nenhum desses empresários se recusou a fazer parte desse sonho e ficaram muito animados com a iniciativa. Então distribui essas caixas de coleta nesses pontos estratégicos da cidade, que foram Gazeta Regional, no Salão Arte e Beleza, no Banco do Brasil e no Allan Supermercado. Distribui também pelos comércios e ruas da cidade cartazetes, feitos com sulfite mesmo, para divulgar a campanha. Montei também um spot para rádio, e com isso consegui duas inserções diárias na Rádio AM Nova Guaranésia e na FM Pássaro da Ilha. Ganhei propaganda permanente no Jornal Gazeta Regional. Montei uma comunidade no site de relacionamento Orkut para atrair o envolvimento do público jovem e um site simples, com o resumo do projeto, o andamento do projeto, enquete, fotos, pontos de coleta, e matérias da campanha no jornal e as entrevistas na TV Sul de Guaxupé e EPTV. Cadastrei o projeto em vários sites de relacionamento de voluntários, agentes sociais e empreenderes sociais, nos quais montei ações pedindo livros e materiais didáticos.
Nesses sites conheci pessoas que me enviaram livros, DVD’s educativos, entres outros materiais que serviriam para incentivar ainda mais a iniciativa. A campanha chegou a receber material de Guaxupé, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e até São Paulo.
Confirmamos então que “a propaganda é a alma do negócio”. Uma pequena campanha de doação de livros em Guaranésia se tornou uma campanha de nível nacional, sendo até citado no programa “Sem Censura” apresentado por Leda Nagle, na TV Brasil.

GR: Em junho de 2007 você teve seu primeiro contato com Evando dos Santos, do Rio de Janeiro, idealizador e fundador da maior biblioteca comunitária do Brasil. Como foi este contato? Que frutos gerou?

Leandro Andrade:
Conhecia desde muito tempo em TV, Revistas, Livros, Jornais e Documentários a história de Evando dos Santos, do Rio de Janeiro, um pedreiro sergipano, que aos 17 anos aprendeu a ler e se encantou pelo mundo da literatura. Hoje ele conta com mais de 45 mil títulos em sua casa que se tornou uma biblioteca comunitária, e ajudou a montar mais de 25 bibliotecas comunitárias no Brasil, inclusive uma em Angola. Foi então que resolvi então enviar-lhe o meu projeto. Após uma semana obtive uma resposta positiva. Evando disse que doaria para a Campanha 4.200 livros. Fiquei muito feliz com a doação, mas o problema seria o transporte desses livros. Com muita dificuldade consegui alguns amigos que me ajudaram no custeio da minha viagem até a casa de Evando, consegui também nesse tempo um amigo, o Paulinho da Têxtil Guaranésia, que voltava do Rio toda a semana com o baú caminhão vazio. Então, em duas viagens, com o baú do caminhão cheio de livros, esses chegaram a minha casa. Além de doar uma quantia considerável de livros, Evando se tornou um grande parceiro da Ilha da Cultura.


GR: Nestes quase 2 anos de trajetória da Ilha da Cultura, como a Prefeitura Municipal ajudou no projeto? E a nova administração, já foi conversado ou proposta alguma ajuda?

Leandro Andrade:
Não tendo mais onde guardar os livros, fui obrigado a parar com a Campanha. A biblioteca fucionava na minha casa, mas ainda não era o local ideal, pois não havia espaço para disponibilzar tantos livros, então, busquei a viabilização de um espaço via prefeitura, mas obtive negativas. O tempo foi passando, os livros parados e alguns estragando. Fiquei infeliz, porque todo aquele trabalho estava indo por água abaixo. Não cessava minhas idas a prefeitura, eram reuniões, envio de projetos, pedidos de ajuda, até abaixo-assinado, e nada, apenas promessas. A administração anterior realmente fechou os olhos para o projeto.
Quanto a esta administração, cheguei a falar com o João Carlos e o Laércio, que já vem de longa data acompanhando a luta, cheguei a falar também com o Secretário de Cultura, o Alberto Emiliano (Preto), até agora não fui comunicado com uma certeza de ajuda, mas creio que após o processo de “organizar a casa”, eles apoiarão sim o Projeto da Ilha da Cultura.


GR: Quase todos candidatos a vereador disseram em suas campanhas que incentivariam uma biblioteca pública ou comunitária em Guaranésia. Alguns dos eleitos já ajudou de alguma forma, ou o procurou para falar a respeito?

Leandro Andrade:
Ao acompanhar as campanhas das eleições, podíamos ver a quantidade de vereadores propondo ajudar e incentivar a criação de novas bibliotecas públicas e comunitárias na cidade. Isso me deixou muito animado, pois quanto mais gente no poder ajudar e apoiar um projeto social, melhor. Mas até o presente momento, o único vereador a se interessar pelo projeto foi o vereador Felipe Laudade, que além de ajudar em várias ocasiões o projeto, me procurou para que eu falasse sobre a Ilha da Cultura.
Acredito que nos próximos meses, os vereadores ainda vão se mobilizar para obter mais conhecimento do projeto.


GR: Que tipo de parceria você fez até então para conseguir dar andamento na Ilha da Cultura?

Leandro Andrade:
No meio do ano passado, procurei o presidente do Grupo Máscaras, Mauro César da Silva, onde o mesmo conhecendo e apreciando o projeto, propôs uma parceria entre o Máscaras e a Ilha da Cultura, esse foi um dos passos mais importantes do projeto, pois o projeto agora teria uma personalidade jurídica.
Como não consegui viabilizar um espaço via poder público, reafirmei a idéia de biblioteca comunitária e no final de 2008, procurei algumas empresas para apadrinhar o projeto e cooperar financeiramente para que se conseguisse arcar com os custos do aluguel do espaço, da água e da energia elétrica.
Enquando uns capitalizam a realidade, outros socializam os sonhos, e socializando esse sonho, soube que em Guaranésia existem empreendedores sociais que se preocupam com a comunidade onde atuam, e que realmente ajudam para que sonhos se tornem realidade.
Esses empreendedores sociais são: Fort Farma, Torrefação Mafra e Minchillo Materiais para Construção.
Firmei ainda, uma parceria com o Leo Clube de Guaranésia, onde teremos um gama de cabeças jovens e inteligentes participando nas idéias e ajudando efetivamente como voluntários no espaço e nas ações.


GR: A Ilha da Cultura é reconhecida pelo Governo Federal como ponto de leitura. Como se deu este feito?

Leandro Andrade:
Em Outubro de 2008, foi lançado o Edital do Primeiro Concurso de Pontos de Leitura 2008 – Edição Machado de Assis, promovido pelo Ministério da Cultura, através do Programa Mais Cultura, trata-se de concurso que selecionou algumas iniciativas que desenvolvem ações de fortalecimento, estímulo e fomento à leitura em bibliotecas comunitárias entre outros, para receberem kits destinados à renovação de acervos bibliográficos e equipamentos que promovam o uso cultural de computadores e internet. Com muito trabalho consegui inscrever o projeto Ilha da Cultura no concurso e que com muito mérito foi selecionado.
Hoje a iniciativa da Ilha da Cultura é reconhecida pelo Governo Federal como Ponto de Leitura e passará a fazer parte da Rede Biblioteca Viva, que é uma plataforma virtual de acompanhamento, interlocução e interação das iniciativas do livro e leitura por todo o Brasil.
O Kit do Ponto de Leitura é composto de no mínimo, 500 (quinhentos) títulos, distribuídos em: 50% de obras de ficção, 25% de não-ficção e 25% de referência; um computador PC, compreendendo: uma unidade de CPU, um Monitor SW- 17’’, um (01) teclado, um mouse, uma impressora, um No Break APc/ BE 600; e mobiliário básico formado por um tapete emborrachado, duas almofadas, três puffs, duas estantes, uma mesa e uma cadeira giratória com braço para computador.Esse material ainda não está disponível no espaço Ilha da Cultura, mas acredito que logo será entregue pelo Governo Federal.


GR: Este projeto é ainda recente, e já conseguiu grandes feitos. O que você espera conseguir para estes próximos anos?

Leandro Andrade:
A propor a criação deste espaço a partir de ações participativas de toda a comunidade, pretendo que o espaço atue na promoção da cultura para a cidadania tendo como princípio a inclusão social, o incentivo a cultura e o fortalecimento da organização da sociedade. O projeto mostra que há condições de desenvolvimento cultural, e porque não dizer, social da comunidade. Acredito que este projeto pelo fato da comunidade estar envolvida no processo de consolidação, possibilite uma melhoria na qualidade de vida, contribuindo para a transformação de suas vidas por meio de uma aquisição cultural diferenciada que possibilite superação das dificuldades. Por meio dessa ação, o projeto pretende criar condições para que a comunidade tenha um espaço vivo e aberto à cultura, lazer e educação, de forma a propiciar a formação e a inclusão sócio-cultural por meio da leitura e do acesso à informação.
Espero, ainda, o envolvimento da comunidade neste processo através do estimulo às iniciativas de ações culturais, originadas e priorizadas pela própria comunidade, como ainda, fomentar o desenvolvimento criativo dos usuários e a descoberta de novos talentos.

Com fé em Deus e a ajuda de toda a comunidade, conseguiremos inaugurar e abrir as portas do Espaço Ilha da Cultura até o mês de Fevereiro.
Desde já agradeço a todos que acreditaram na iniciativa e que ajudaram e ajudam de alguma forma, pois “ontem” era um sonho, hoje já é uma realidade.
Agradeço também a minha mãe, Luzia, que muito me apóia e me ajuda nas execuções das tarefas funcionais do espaço, além de me dar injeções de ânimo quando as dificuldades aparecem.

Obrigado!
Viva a Cultura!!!


Espaço Ilha da Cultura:
Rua Alfredo de Carvalho, 185
Pássaro da Ilha – Guaranésia – MG
Contato: (35) 8853-2355
Blog: www.ilhadacultura.blogspot.com