Páginas

Entrevista com Leandro Andrade e Luzia Souza da Ilha da Cultura - Z9 Notícia

0 comentários

Entrevista com Leandro Andrade e Luzia Souza
Pela primeira vez, mãe e filho falam juntos sobre as dificuldades e alegrias de manterem a Biblioteca Ilha da Cultura

   
Para Leandro Andrade:
Há quanto tempo existe a Ilha da Cultura?
O projeto existe há 5 anos, mas somente há 3 começamos a batalhar para realizá-lo. Já em 2009 conseguimos inaugurar e concretizar o projeto, inaugurando o espaço Ilha da Cultura. 

De onde surgiu a idéia?
A idéia de montar um espaço cultural e uma biblioteca no alto da cidade surgiu em 2005 quando percebi uma grande necessidade de investimentos por parte pública no setor de Cultura, nos bairros Bom Jesus, Pássaro da Ilha, Renovações e adjacências, além disso, antes da Ilha da Cultura existia apenas a falta de acessibilidade a uma biblioteca, então tive a idéia de criar um Espaço de Inclusão Sociocultural, visando à inclusão social e cultural, através do acesso a informação, a leitura e a formação de leitores. 
 
Como foi o caminho percorrido? Encontrou apoio? De onde partiu o sonho de uma biblioteca comunitária?
Em Abril de 2007, quando começou a campanha “Doe um Livro”, apresentei o projeto da Ilha da Cultura a quatro empresários de Guaranésia, pedindo um espaço em seu estabelecimento para que eu pudesse colocar as caixas de coleta de livros. Nenhum desses empresários se recusou a fazer parte desse sonho e ficaram muito animados com a iniciativa. Então distribui essas caixas de coleta nesses pontos estratégicos da cidade, que foram Gazeta Regional, no Salão Arte e Beleza, no Banco do Brasil e no Allan Supermercado. Distribui também pelos comércios e ruas da cidade cartazetes, feitos com sulfite mesmo, para divulgar a campanha. Montei também um spot para rádio, e com isso consegui duas inserções diárias na Rádio Rural Nova Guaranésia e na FM Pássaro da Ilha. Ganhei propaganda permanente no Jornal Gazeta Regional. Montei uma comunidade no site de relacionamento Orkut para atrair o envolvimento do público jovem e um site simples, com o resumo do projeto, o andamento do projeto, enquete, fotos, pontos de coleta, e matérias da campanha no jornal e as entrevistas na TV Sul de Guaxupé e EPTV Globo Sul de Minas. Cadastrei o projeto em vários sites de relacionamento de voluntários, agentes sociais e empreendedores sociais, nos quais montei ações pedindo livros e materiais didáticos.
Nesses sites conheci pessoas que me enviaram livros, DVDs educativos, entres outros materiais que serviriam para me animar ainda mais na iniciativa. A campanha chegou a receber material de Guaxupé, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e até São Paulo. 

Alguns meses depois Evando dos Santos, do Rio de Janeiro, conheceu meu projeto e resolveu doar à Campanha 4.200 livros. Fiquei muito feliz com a doação, mas o problema seria o transporte desses livros. Com muita dificuldade consegui alguns amigos que me ajudaram no custeio da minha viagem até a casa do Evando, conheci nesse tempo o Paulinho da fábrica de tecidos, que voltava do Rio toda a semana com o baú do caminhão vazio. Então, em duas viagens, com o baú do caminhão cheio de livros, esses chegaram à minha casa. Além de doar uma quantia considerável de livros, Evando se tornou um grande parceiro da Ilha da Cultura.
No meio do ano de 2008, eu consegui fazer uma grande parceria com Mauro César da Silva, do Grupo Máscaras, agora, o projeto Ilha da Cultura tinha uma personalidade jurídica, pois até então um grupo que tinha envolvimento com dança e teatro agora também teria com a literatura, se tornando mais completo no âmbito cultural.
Já em 2008, um fato interessante nessa maravilhosa 'luta literária', nós ganhamos o concurso Pontos de Leitura promovido pelo Ministério da Cultura, com isso a iniciativa da Ilha da Cultura foi reconhecida pelo Governo Federal como Ponto de Leitura e recebemos em 2009 um Kit que é composto de cerca de quinhentos títulos, um computador, uma impressora, almofadas, pufes e estantes, esse Kit tem o valor de R$ 23 mil. Tudo isso para ser usado pela comunidade gratuitamente.
Mesmo já tendo conquistado esse prêmio e muitos livros pelo Brasil, ainda faltava o espaço para disponibilizá-los, como não conseguimos viabilizar um espaço via poder público, no final de 2008, algumas empresas apadrinharam o projeto e começaram a financiar os custos do espaço, como aluguel, água e energia elétrica. Infelizmente quase todos eles ajudaram o projeto por um pouco mais de seis meses, outros ainda ajudam eventualmente, mas hoje quem financia o Projeto Ilha da Cultura, sou eu, minha mãe Luzia, algumas empresas que doam uma quantia eventualmente, alguns amigos colaboradores da cidade que contribuem através de um carnê,  a Fort Farma como patrocinadora e  a Oros Telecon que sede o sinal da internet.
 
Por que, até hoje, a Ilha da Cultura não recebeu apoio da Prefeitura Municipal?
De 2007 a 2008 não tínhamos apoio da Prefeitura, pois não tínhamos um CNPJ, já de 2008 a 2010, já tínhamos o CNPJ então não apoiaram por que não queriam mesmo, hoje não temos apoio, pois o Grupo tem um débito com a municipalidade, assim é “impossível” o repasse, mas esse débito já está sendo quitado.
 Depois de tanto tempo, acredito que nunca teremos esse apoio via município, pois infelizmente existem ainda os interesses pessoais, as vaidades, a falta de preparo e a falta de vontade, ou melhor, a vontade existe, mas a de não apoiar, afinal apoiar a cultura não trás mérito pra ninguém, “apenas” oportunidade a um jovem de se tornar um cidadão consciente, de ter em suas mãos soluções para as dificuldades de seu dia-a-dia, a protestar, a saber dos seus direitos, a cumprir seus deveres e a não ser manipulado por essa nuvem corrupta e mesquinha que nos rodeia. Como eu sempre digo: hoje são centenas de crianças e jovens com seus livros na Ilha da Cultura, amanhã serão cidadãos livres e conscientes de seu dever na sociedade e tenho certeza que darão valor e continuidade ao projeto.
 
Para Luzia Souza:
 
Como foi assumir a missão de levar adiante o sonho de seu filho, neste tempo em que ele se encontra em São Paulo?
Para mim, ter  assumido um projeto desta importância, foi um desafio, por que apesar de ter acompanhado e ajudado meu filho desde o início da idéia, na prática, depois do espaço montado, é bem mais difícil,  por outro lado é muito prazeroso, pois, além de estar contribuindo para um mundo melhor proporcionando acesso a leitura a esses jovens e crianças, tem a questão do relacionamento com a comunidade, eu as ajudo de um lado e elas me ajudam de outro. Esse vínculo de amizade que criei aqui na biblioteca vale o esforço que faço para manter a Ilha da Cultura funcionando.

Quais são hoje, suas maiores dificuldades para manter a Ilha da Cultura aberta?

Hoje, infelizmente, a maior dificuldade da Ilha da Cultura é a falta de incentivo por parte pública e privada direcionadas a manter o espaço e às ações que podem ocorrer aqui. Precisamos da ajuda de TODOS para manter esse projeto, das pessoas, da prefeitura, dos governos e das empresas, pois esses mais de 10 mil livros são de todos e para todos e isso sem custo algum para os leitores. Para tudo isso funcionar temos o aluguel, água e energia elétrica e isso infelizmente custa dinheiro. O nosso maior desafio é conscientizar as pessoas, as empresas e o poder público que a leitura é essencial e extremamente importante para o desenvolvimento intelectual da nossa sociedade e que incentivar a leitura em nossa cidade só irá trazer benefícios para todos.
 
Existe uma idéia de uma colaboração em dinheiro de menor valor, o que poderia atrair mais colaboradores. De onde veio esta idéia das contribuições mensais?
Existe sim. A idéia é de um carnê de doações que qualquer pessoa pode se comprometer a ajudar mensalmente e o melhor de tudo é: cada um ajuda com a quantia que pode.
Hoje já temos dezenas de colaboradores e a meta é ter mais e conseguir com isso, além de manter o espaço, comprar material para a biblioteca, fazer eventos para as crianças e ações culturais para a comunidade.

Quantos livros são emprestados em média por mês?
Em média são emprestados cerca de 550 livros por mês e a cada mês que se passa temos um recorde de empréstimos, até hoje já emprestamos mais de 14 mil livros!

Qual o maior público da Ilha da Cultura?
Por mais que não temos um público definido para o nosso projeto, as crianças e os jovens são os que mais buscam livros e pesquisas na Ilha da Cultura.

Onde a Ilha da Cultura consegue apoio hoje para manter suas portas abertas?
Felizmente temos o apoio de algumas pessoas da comunidade, de amigos e algumas empresas como a FortFarma que colabora mensalmente com o projeto.

Como fazer para ajudar a Ilha da Cultura?

É só entrar em contato comigo pelo telefone (35) 8853-2355 ou (35) 8867-2353, ou me procurar na Ilha da Cultura.


O Espaço Ilha da Cultura e a Biblioteca Comunitária Profª. Martha Ribeiro Alves fica à Rua Alfredo de Carvalho. 185, no Bairro Pássaro da Ilha em Guaranésia
, MG.
www.ilhadacultura.org.br
 
 

Entrevista com Leandro Andrade e Luzia Souza da Ilha da Cultura ao Site Z9 Notícia



Certificado de Participação do Prêmio Vivaleitura 2010

0 comentários

A Ilha da Cultura recebeu certificado de participação do Prêmio Vivaleitura 2010.

O Prêmio Vivaleitura divulgou os três projetos vencedores da edição 2010. Na primeira categoria do prêmio, Bibliotecas Públicas e Privadas, o projeto vencedor foi o trabalho "Centro Educacional e Cultural Kaffehuset Friele", de Poços de Caldas (MG). Na segunda categoria, Escolas Públicas ou Privadas, o vencedor foi o projeto "Cafeteria Sabor Literário", da cidade de Parnamirim, no Rio Grande do Norte. Na terceira e última categoria, Sociedade, que envolve instituições, universidades, ongs e pessoas físicas, quem ganhou o primeiro lugar foi a iniciativa "Ler para Crer", de Fortaleza (CE). Cada projeto vencedor recebeu a quantia de R$ 30 mil.
O Vivaleitura 2010 também homenageou José Mindlin, empresário, bibliófilo, membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um apaixonado por livros. Mindlin, que faleceu em fevereiro aos 95 anos, doou em 2009 para a Universidade de São Paulo todo o acervo da sua biblioteca, a maior coleção particular de livros do Brasil, transformando-a na biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. O Vivaleitura decidiu que, a partir das próximas edições, o projeto que receber sua menção honrosa será agraciado com uma medalha levando o nome do imortal. A menção honrosa de 2010 foi entregue para a Fundação Dorina Nowill para Cegos, de São Paulo. 

Saiba mais: http://www.premiovivaleitura.org.br/

Por que o brasileiro lê pouco?

0 comentários

Por que o brasileiro lê pouco?
Revista Super Interessante - Outubro -2010

DIA C - DIA DE COOPERAR - Guaranésia - MG

0 comentários

DIA C - DIA DE COOPERAR

Pelo segundo ano consecutivo, o Sistema Ocemg/Sescoop-MG realizou, em parceria com as cooperativas mineiras, o Dia de Cooperar (Dia C). A iniciativa aconteceu em todo o Estado de Minas Gerais no sábado, dia 28 de agosto e comprovou o exemplo de cidadania e solidariedade do segmento. O Sicoob Ruralcredi aderiu à ideia e promovemos um dia com o objetivo de resgatar o hábito da leitura. O evento foi realizado na Praça Dona Sinhá, em Guaranésia/MG das 13:00 às 17:00. Trabalhamos com tendas literárias, bichinhos de bexigas, apresentação da Corporação Musical Santa Bárbara, peça teatral, bale clássico, capoeira e a biblioteca itinerante. Não podemos deixar de lado a carreata que percorreu grande parte da cidade de Guaranésia com o objetivo de convidar mais uma vez a população. Durante a carreata tivemos a presença dos animadores vestidos de personagens infantis distribuindo balas à criançada. Vale ressaltar que todas as apresentações foram voluntárias, pois, ser voluntário é saber compartilhar o que temos de mais precioso: amor, felicidade, sabedoria, conhecimento, tempo e humildade. O assunto foi voltado à leitura. Cada tenda teve um tema diferente sendo eles: gibiteca, fantoches, desenhos e pintura, jogos didáticos e contos de histórias. Oferecemos pipoca e algodão doce durante todo o evento. Em conjunto com o Dia C, desenvolvemos uma campanha para coleta de livros didáticos e paradidáticos. Foram mais de 6.300 (seis mil e trezentos) exemplares arrecadados de parcerias firmadas e também da população guaranesiana e região. Nossas expectativas foram superadas. Pudemos beneficiar duas bibliotecas que estão em construção, a biblioteca do Presídio Guaranésia - Guaxupé e a biblioteca dos Moradores do Bairro da Graminha, Além destas, a Casa da Criança de Guaranésia, a Biblioteca Ilha da Cultura e o Departamento Municipal de Educação receberam uma quantidade simbólica de livros infantis com o intuito de oferecer acesso à leitura àquelas crianças assistidas por estas entidades. Cada livro recebido era uma festa. O trabalho iniciou com a distribuição de caixas nos comércios locais para recebermos os livros. Fizemos a divulgação nas emissoras de rádios locais, em todas as escolas de Guaranésia, mensagem nos rodapés dos extratos dos cooperados do Sicoob Ruralcredi, faixas espalhadas por toda a cidade, entrevistas ao vivo nos programas de rádio e emissora de televisão regional, a qual apresentou uma matéria sobre e projeto e posteriormente o resultado do movimento. O evento contou com o envolvimento da Diretoria Executiva e com os colaboradores do Sicoob Ruralcredi. Tivemos também o apoio de inúmeras instituições que contribuíram para o sucesso do Dia C. Cooperar, um ato de amor. Nossa atitude pode modificar a vida de muitas pessoas. A escolha foi do Sicoob Ruralcredi, o benefício foi de todos!

(release por Sicoob Ruralcredi - Guaranésia - MG / Foto RN)

Clipping - Portal Cultura e Infância

1 comentários

Clipping do Portal Cultural e Infânciahttp://www.culturainfancia.com.br

Estudo - Responsabilidade Social Corporativa e Voluntariado ONG Meu Sonho Não Tem Fim

0 comentários

Estudo - Responsabilidade Social Corporativa e Voluntariado produzido pela ONG Meu Sonho Não Tem Fim

Neste estudo, vocês encontrarão informações pertinentes como:

- 37,38% dos entrevistados são voluntários em projetos sociais e as áreas onde já atuam ou desejariam atuar são o desenvolvimento social (39,62%), assistência social (35,38%), educação e pesquisa (32,55%), cultura e recreação (30,19%) e meio ambiente (25,47%);

- A grande maioria dos entrevistados tem afinidade com projetos sociais voltados para a criança (65,57%). Projetos com adolescentes (35,38%) e idosos (32,08%) também são muito desejados;

- O que mais inibe os entrevistados a desenvolverem um trabalho voluntário são a falta de horários flexíveis (55,74%), a necessidade de doações (11,49%), a falta de interesse das instituições (8,94%) e a falta de credibilidade (8,51%);

- Para a maioria dos entrevistados (76,74%) os meios de comunicação são deficientes na divulgação do terceiro setor. Os veículos que melhor divulgam são a Internet (63,21%), a TV (27,83%) e as revistas (8,49%);

- Em 47,16% das empresas onde os entrevistados trabalham existe investimento em projetos sociais, sendo que as áreas onde mais atuam são a assistência social (39,76%), desenvolvimento social (36,14%), educação e pesquisa (34,94%), cultura e recreação (28,92%) e meio ambiente (27,71%);

- Para 88,62% dos entrevistados atuar em projetos sociais muda positivamente o conceito que os funcionários têm da empresa e os campos em que mais desejam que o investimento ocorra são o desenvolvimento social (29,72%), educação e pesquisa (18,87%), meio ambiente (18,40%), cultura e recreação (17,45%) e assistência social (15,57%).


Veja o estudo completo abaixo:





Clipping - Blog do Galeno - Brasil Que Lê - Agência de Notícias

0 comentários

A Ilha da Cultura foi destaque no Blog do Galeno e no site Brasil Que Lê - Agência de Notícias.

Clipping - Projeto Generosidade 2010 - Editora Globo

0 comentários


O Projeto Generosidade reúne todas as revistas da Editora Globo em torno de uma causa pioneira na mídia brasileira: revelar e repercutir ações e exemplos de gente que faz e promove o bem no Brasil.
Esta é quarta edição do projeto, que no ano passado divulgou durante sete meses histórias inspiradoras e estabeleceu uma doação para a instituição escolhida como a mais relevante entre as ações solidárias divulgadas. O projeto foi tão bem-sucedido nas três edições anteriores que será repetido este ano, com a parceria das seguintes instituições: Bradesco, Chevrolet e Ambev.


São iniciativas generosas e corajosas, gestos que, estamos certos, devem inspirar mais gente a fazer o bem em nosso país.

Veja no Site: http://www.projetogenerosidade.com.br/2010/materia.php?id=1994ccc0c4265e38b02c4c5a286e7cda

Clipping - Folha do Futuro - Um Informativo do Futuro que Queremos

0 comentários


Ilha da Cultura saiu na Folha do Futuro do Banco Mercantil do Brasil, Um Informativo do Futuro que Queremos http://www.folhadofuturo.com.br/

http://www.folhadofuturo.com.br/newsletter/?chave=menOn9A30

Clipping - Achados de Valor

0 comentários


lha da Cultura é citada no blog "Achados de Valor" http://www.achadosdevalor.com/projeto-de-incentivo-a-leitura-ilha-da-cultura Achados de Valor é um blog que tem como objetivo divulgar Sites e Blogs, que tenham dentro de suas propostas a beleza, a arte, a valorzação do ser humano e a luta por um ideal. de Victor S. Gomez

Clipping - Mostre Seu Valor - PNUD

0 comentários


O Mostre Seu Valor é uma campanha promovida pelo PNUD e seus parceiros para a promoção de valores de vida. A escolha de "valores de vida" surgiu após a campanha Brasil Ponto a Ponto, que escutou mais de meio milhão de brasileiros para definir o tema do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano Nacional 2009/2010. Valores de vida são valores humanos quando praticados, tais como respeito, responsabilidade, tolerância, convivência pacífica, entre outros. Muitas vezes valores ditos não são valores praticados. Os valores de vida são aqueles valores praticados que levam a uma convivência mais harmoniosa entre as pessoas e são essenciais ao desenvolvimento humano. Valor da Ilha da Cultura: Solidariedade - http://www.mostreseuvalor.org.br

Clipping - Rede de Mobilização Social

0 comentários


A foto da Ilha foi destaque na Rede de Mobilização Social

Clipping - Blog de Victor S. Gomez

0 comentários

A Ilha da Cultura doi citada como um Modelo de Projeto Social no Blog de Victor S. Gomez http://www.victorsgomez.com/2010/04/um-modelo-de-projeto-social-ilha-da.htm

Leitura hereditária

0 comentários


Antes de reclamar que seu filho lê pouco, talvez seja o momento de se questionar se você mesmo é um leitor. Manter livros em casa e tratar a leitura como um prazer pode ajudar a estimular o hábito em família, de pai para filho
Um país se faz com homens e livros”, costumava dizer Mon teiro Lobato. Mas, no Brasil, meio século após a morte do criador da boneca Emília, os livros continuam faltando nesta equação. Aliás, livros e leitores. De acordo com a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo IBGE e o Instituto Pró-Livro em 311 municípios brasileiros no final de 2007, apenas 35% da população afirma gostar de ler em seu tempo livre. Destes, a grande maioria tem formação superior, estuda ou trabalha e vive na região Sul. A Bíblia e obras didáticas encabeçam a preferência dos leitores entrevistados.
Se em países desenvolvidos a média de leitura per capita é de sete livros ao longo do ano, no Brasil este número está em 4,7, mas somente se incluirmos as obras indicadas pela escola. Do contrário, a conta não fecha dois livros por ano. Porém, reforçar a importância da leitura no desenvolvimento humano é bater em uma tecla já desgastada. A grande questão é entender como uma pessoa se torna leitora, de que estímulos ela precisa para sentir prazer na companhia dos livros, sem que isso se torne uma obrigação – tarefa que, tudo indica, deve começar dentro de casa.
Para Luciane Hagemeyer, pro fessora de Língua Por tu guesa do Ensino Fundamental no Colégio Medianeira, leitores nascem primeiramente pelo exemplo. “A chance de pais leitores, ou que valorizam a leitura como prática social, formarem filhos leitores é muito maior”, garante Luciane, que em 2008 foi finalista do Prêmio Viva Leitura e hoje coordena a oficina Clube da Leitura, do colégio durante o período extracurricular.
Segundo ela, as crianças precisam aprender desde cedo a se reconhecer como leitoras, sendo orientadas a manter uma lista de interesses de leituras e identificar os gêneros e autores que preferem. “Estes estímulos podem fazer parte não só da proposta de uma boa escola, mas também devem ser cultivados em família”, opina. Esta também é a percepção da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil: enquanto 60% dos leitores en trevistados disseram que se ha bituaram a ver seus pais lendo, no caso dos não-leitores este número se inverte. 63% afirmaram nunca ou quase nunca te rem presenciado isso em casa.
Se o exemplo de pais para fi lhos é mesmo importante, a tradutora e doutora em Comunica ção Luciana Doneda está no caminho certo. Apaixonados por livros, ela e o marido têm uma biblioteca com cerca de 800 títulos, e já começaram a “inocular o vírus da leitura” – como se referia o bibliófilo José Mindlin – nos filhos Dora, de 4 anos, e Adria no, de apenas 1. “Desde bebês os dois se acostumaram a ter contato com obras infantis. No quarto deles, montei uma pequena biblioteca que hoje tem em torno de 150 volumes, mas na estante da sala eles também têm espaço na prateleira mais baixa, onde conseguem alcançar”, conta a mãe. Dora ainda não sabe ler, mas adora folhear as páginas, e isso inclui os livros dos adultos, que não têm ilustrações coloridas. “Ela finge que está lendo e vai inventando enredos. Dora é muito criativa, quando começa a fazer o seu ‘teatro’, misturando histórias da Branca de Neve com o Pinóquio. A família toda senta para ouvi-la contar”. Apesar do contato intenso com livros em casa, Luciana matriculou Dora em uma escola Waldorf. Na explicação da tradutora, esta linha pedagógica privilegia a cultura oral da contação de histórias, da música e do teatro, colocando a criança em contato com pensamentos e ideias mais abstratas do que concretas. “Não há um incentivo ao consumo e ao discurso dos personagens de desenhos animados, por exemplo, o que deixa a criança livre para criar seu próprio discurso”, diz.
Para Luciane Hagemeyer, é pre ciso oferecer não apenas os livros, mas estar disposto a ler pa ra as crianças, se possível todos os dias. “Existem duas formas de uma história entrar para a nossa vida: pelos olhos (lendo) e pelos ouvidos. Além de ler para a criança, é importante conversar com ela, procurando encontrar pontos em comum entre o que foi lido e já vivido. Desse modo, os livros podem se tornar um canal aberto de comunicação entre pais e fi lhos, alunos e educadores”, conclui.
Incentivo na escola
Nem todos têm o privilégio de conviver com livros em casa desde cedo. Rogério Pereira, editor do jornal de literatura Rascunho e hoje dono de um acervo com aproximadamente 12 mil obras, conta que seus pais, de origem simples e sem estudos, não tinham o hábito de ler. “Na minha casa o único livro que existia era a Bíblia. Eu só fui começar a me interessar por literatura na escola, com 15, 16 anos. Por conta disso, não li Monteiro Lobato e os clássicos infanto-juvenis, comecei direto com autores como Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, João Antônio”, lembra. Hoje, Pereira faz o trajeto de volta ao apresentar à sua filha Sofia, 3 anos, aqueles clássicos que não pôde ler na infância. Em sua opinião, os caminhos para a formação de leitores são diversos, mas geralmente passam pelo ambiente doméstico ou pela escola, embora o jornalista não acredite que a atual rotina escolar estimule a leitura e faça com que os jovens de fato se interessem por ela.
Luciane Hagemeyer também percebe que, de um modo geral, as escolas fazem pouco pelos leitores. “Na teoria, nenhum educador vai dizer que não valoriza a leitura. Mas a verdade é que a escola não ensina a manusear os livros, principalmente os literários. A natureza do texto literário é algo meio obscuro ao educador. Na maioria das vezes o que se faz é uma lista de perguntas após a leitura, para ver se a criança compreendeu bem o texto. Ou seja, ela só precisa reproduzi-lo, enquanto o ideal seria ensiná-la a pensar a partir do texto”, constata a professora. Para ela, muitos educadores não conhecem os livros, estão por fora dos lançamentos editorias, não vão à biblioteca e não leem obras infanto-juvenis. “Não se pode ensinar aquilo que não se conhece”, afirma.
Tempo e dinheiro
Segundo o jornalista e empresário Rogério Pereira, há dois argumentos recorrentes que costumam afastar as pessoas da leitura: a falta de tempo e de dinheiro para comprar livros.
“Isso é pura desculpa, porque um CD custa quase o mesmo que um livro e as pessoas continuam comprando. Há um mercado muito amplo, com espaço para todas as classes sociais terem acesso a bons livros, desde clássicos de bolso a títulos encontrados em sebos ou até em domínio público, com download gratuito na internet. Ou seja, quem quer ler tem como chegar ao livro”, assegura. Já o segundo empecilho tem a ver com organização e prioridade. “As pessoas que gostam de ler dão um jeitinho de encontrar tempo para isso, assim como quem gosta de assistir a novelas faz de tudo para estar sentado em frente à televisão naquele horário”, provoca Pereira, que já chegou a ler 15 livros em um único mês. Em sua visão, a leitura de livros é uma atividade que deveria fazer parte de um cardápio cultural variado, que pode incluir a novela, o cinema etc. “O problema é que o livro costuma ser excluído deste cardápio”, lamenta.

Divulgação
Divulgação / Crianças em encontro do Bando da Leitura, que desde 2007 se reúne em Ponta Grossa, na casa de Lucélia ClarindoAmpliar imagem
Crianças em encontro do Bando da Leitura, que desde 2007 se reúne em Ponta Grossa, na casa de Lucélia Clarindo
Um bando no quintal
Quando a professora e pedagoga Lucélia Clarindo teve que se aposentar aos 48 anos, devido a complicações de saúde, seus alunos não lhe deram descanso. Poucos dias depois de deixar a escola onde lecionava, em Ponta Grossa, ela foi surpreendida por um grupo de crianças, que batia na porta de sua casa para pedir que lhes contasse histórias. Sensibilizada com o gesto, Lucélia, que há mais de 20 anos se dedica à literatura infantil, aceitou a proposta de formar um clube de leitura. “Tudo começou no dia 14 de março de 2007, Dia da Poesia. As crianças foram chegando e passamos a nos reunir no quintal da minha casa para ler e conversar sobre livros”. Assim, espontaneamente, surgiu o Bando da Leitura, encontro que acontece sempre às quartas-feiras à tarde na residência da professora aposentada, em Ponta Grossa, e propicia um ambiente prazeroso em torno da leitura literária. “Primeiro, as crianças ficam à vontade para escolhendo os livros que querem ler, depois estendemos folhas soltas coloridas com poesias no varal de roupas do quintal, fazemos contação de histórias, dramatizações, oficinas e às vezes recebemos a visita de escritores locais”, conta.
Em 2007, Lucélia inscreveu o projeto no concurso Ponto de Leitura Machado de Assis, do Ministério da Cultura, que acabou sendo aprovado e contemplado com um acervo de 650 obras. Em seguida, o Rotary International manifestou interesse em construir uma sede própria para o Bando, que deve ficar pronta em abril – Lucélia torce para que a data caia no Dia Nacional do Livro Infantil. Apesar de contar com tantos parceiros, ela não recebe nenhum incentivo financeiro e orgulha-se ao dizer que o projeto é voluntário, graças ao apoio de seu marido, ator e diretor de teatro, e dos três filhos.
Em família
Dentro da casa de Lucélia, a cultura oral e narrativa sempre esteve presente. “Passei toda a adolescência lendo, e minha mãe adorava narrar contos de fadas em volta do fogão à lenha. A gente tinha poucos livros, mas não tinha televisão. Eu gostava muito de ouvir novelas pela rádio e sempre escrevia cartas para os parentes”, lembra a educadora, que admite ter lido de tudo naquela época, sem critérios. Só depois, já na escola, é que começou a freqüentar a biblioteca pública da cidade e incluir Guimarães Rosa e Jorge Amado em sua bagagem literária. “Quando meu primeiro filho nasceu, já passei essa paixão para ele, que começou a ler aos 4 anos e meio”, lembra a mãe coruja.
Sala de aula
Apesar da presença constante de crianças que um dia foram suas alunas, Lucélia garante que o Bando da Leitura está longe de ser uma sala de aula. “Eu não ensino ninguém a ler, não faço correções quando elas estão lendo, não dou nota nem falta. Nos encontros do Bando, sou tão leitora quanto elas, também estou vivendo um processo de descoberta. Por isso eu digo que não quero ser chamada de professora, porque ali nós somos todos iguais”, ensina. Outra diferença básica entre seu trabalho e o ambiente escolar está na liberdade e autonomia para escolher suas leituras. De acordo com a educadora, a espontaneidade é mais estimulante do que a obrigação. “Sou contra a ideia de decidir o que uma criança deve ler. É ela quem deve escolher o que mais lhe interessa. Toda leitura vale a pena, e com o tempo a pessoa aprenderá a selecionar melhor os livros e autores, naturalmente”.
Hedeson Alves/ Gazeta do Povo / Luciana Doneda com os filhos Dora e Adriano: livros espalhados pela casa
Luciana Doneda com os filhos Dora e Adriano: livros espalhados pela casa
Publicado em 04/04/2010 | MARIANA SANCHEZ, ESPECIAL PARA A GAZETA DO POVO - MARIANAB@GAZETADOPOVO.COM.BR

18 de Abril - Dia Nacional do Livro Infantil

0 comentários


Monteiro Lobato e alguns de seus personagens

O dia 18 de abril foi instituído como o dia nacional da literatura infantil, em homenagem à Monteiro Lobato.

“Um país se faz com homens e com livros”. Essa frase criada por ele demonstra a valorização que o mesmo dava à leitura e sua forte influência no mundo literário.

Monteiro Lobato foi um dos maiores autores da literatura infanto-juvenil, brasileira. Nascido em Taubaté, interior de São Paulo, em 18 de abril de 1882, iniciou sua carreira escrevendo contos para jornais estudantis. Em 1904 venceu o concurso literário do Centro Acadêmico XI de Agosto, época em que cursava a faculdade de direito.

Como viveu um período de sua vida em fazendas, seus maiores sucessos fizeram referências à vida num sítio, assim criou o Jeca Tatu, um caipira muito preguiçoso.

Depois criou a história “A Menina do Nariz Arrebitado”, que fez grande sucesso. Dando sequência a esses sucessos, montou a maior obra da literatura infanto-juvenil: O Sítio do Picapau Amarelo, que foi transformado em obra televisiva nos anos oitenta, sendo regravado no final dos anos noventa.

Dentre seus principais personagens estão D. Benta, a avó; Emília, a boneca falante; Tia Nastácia, cozinheira e seus famosos bolinhos de chuva, Pedrinho e Narizinho, netos de D. Benta; Visconde de Sabugosa, o boneco feito de sabugo de milho, Tio Barnabé, o caseiro do sítio que contava vários “causos” às crianças; Rabicó, o porquinho cor de rosa; dentre vários outros que foram surgindo através das diferentes histórias. Quem não se lembra do Anjinho da asa quebrada que caiu do céu e viveu grandes aventuras no sítio?

Dentre suas obras, Monteiro Lobato resgatou a imagem do homem da roça, apresentando personagens do folclore brasileiro, como o Saci Pererê, negrinho de uma perna só; a Cuca, uma jacaré muito malvada; e outros. Também enriqueceu suas obras com obras literárias da mitologia grega, bem como personagens do cinema (Walt Disney) e das histórias em quadrinhos.

Na verdade, através de sua inteligência, mostrou para as crianças como é possível aprender através da brincadeira. Com o lançamento do livro “Emília no País da Gramática”, em 1934, mostrou assuntos como adjetivos, substantivos, sílabas, pronomes, verbos e vários outros. Além desse, criou ainda Aritmética da Emília, em 1935, com as mesmas intenções, porém com as brincadeiras se passando num pomar.

Monteiro Lobato morreu em 4 de julho de 1948, aos 66 anos de idade, no ano de 2002 foi criada uma Lei (10.402/02) que registrou o seu nascimento como data oficial da literatura infanto-juvenil.

Por Jussara de Barros
Graduada em Pedagogia
Equipe Brasil Escola


Mais informações sobre Lobato www.lobato.com.br


O mundo através das bibliotecas

0 comentários

por Carol Domingues, Diário do Nordeste – CE, em 12/04/2010



Affonso Romano: “Biblioteca deve ser o lugar de encontro, reencontro e de invenção. Não é um arquivo morto”

O escritor e jornalista Affonso Romano de Sant´Anna participa da IX Bienal Internacional do Livro do Ceará. Ex-presidente da Fundação Biblioteca Nacional, ele antecipa em entrevista ao Caderno 3 um pouco de sua fala na mesa “O meu encontro com a biblioteca”, dentro do V Encontro do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas.

Como foi seu “encontro com a biblioteca”? Frequenta esse espaço desde jovem?

Tentarei falar dos múltiplos encontros, desde a biblioteca da igreja que eu frequenta e a do meu pai, até as grandes bibliotecas do mundo que acabei conhecendo por ter sido secretário geral da Associação das Bibliotecas Nacionais Iberoamericanas ou por ter estado na India, Moscou, China, França, Irlanda, etc. Claro que vou me deter no panorama brasileiro que, felizmente, está se modificando e não é mais o mesmo de quando em 1990 lancei a campanha “Uma Biblioteca em Cada Município”.

No texto “Por que escrevo”, o senhor recorda seu pai, frequentemente com um livro na mão. Considera a presença constante de livros em casa fundamental para o despertar literário em jovens?

Ter livros na paisagem doméstica é importante, mas há aqueles que, nascendo num mundo adverso, despovoado de letras, chegaram aos livros. É que o livro, a cultura, as bibliotecas exercem um fascínio único para certas pessoas. É através das letras que elas se encontram com o mundo. Como dizia sempre Jorge Borges, o mundo pode ser visto como uma grande biblioteca de Babel, que a gente e tenta ordenar.

O senhor dirigiu por seis anos a Fundação Biblioteca Nacional e criou o Sistema Nacional de Bibliotecas. Como foi essa mudança de papeis, de frequentador a administrador?

Foi um desses acontecimentos que mudam a vida da gente. E felizmente conseguimos mudar a vida de outras pessoas também. Pois nenhuma mudança é efetiva se não ocorrer nos dois sentidos. A partir do Sistema Nacional de Bibliotecas tentamos romper o isolamento em que viviam as instituições. Fazíamos reuniões distritais, estaduais e nacionais. De repente, uma bibliotecária de Manaus já não se sentia tão ilhada, pois compartilhava experiências com as colegas de Joinville ou Salvador. Sobretudo, recriamos o espaço imaginário. E enraizamos a ideia de biblioteca na realidade social do país.

A biblioteca costumava ser a principal ou única fonte para realizar pesquisas, por exemplo. Hoje, com o acesso facilitado a informações de todo tipo, com a crescente popularização da internet, muitos jovens e adultos deixaram de frequentá-la. Nesse contexto, qual a importância hoje da biblioteca? Como chamar de volta seu público?

Está acontecendo uma coisa formidável, assombrosa. É como se estivéssemos em pleno Renascimento, de novo. Estamos vendo o surgimento de um novo Gutenberg, um novo conceito de livro. O livro virtual é uma realidade (não apenas virtual). E o será cada vez mais. Ingressamos no mundo de “Matrix”. E o Brasil que estava muito atrasado nessa área, pois sempre foi carente de livros e bibliotecas, pode agora dar um salto qualitativa. Podemos queimar etapas. Qualquer pessoa, na selva ou na cidade pode ter uma biblioteca nas mãos, um I-Pad com mais de dois mil volumes. É uma revolução cultural. Algumas prefeituras e governos estaduais estão entendendo isto. O atual Ministério da Cultura está entendendo isto. E isto nos dá esperanças.

Transformar a biblioteca em espaço privilegiado de encontro entre leitores, de discussão, é uma boa estratégia para revitalizá-la?

Biblioteca deve ser o lugar de encontro, reencontro e de invenção. Não é um arquivo morto. Ali está a memória da comunidade e o modo da comunidade construir o seu futuro. Hoje, mais que nunca, existir é saber comunicar-se. Até as antas do Big Brother sabem disto. Quanto aos bibliotecários, tenho repetido isto há décadas, devem ser os servidores da comunicação no século XXI.

Além de escritor, o senhor exerce ou exerceu em algum momento as funções de teórico, cronista, professor, administrador cultural e jornalista. Combinar a atividades é um caminho natural de escritores no BRASIL, tendo em vista a dificuldade de sobreviver exclusivamente de literatura no Brasil?

É uma questão de temperamento. Nem todo intelectual é assim ou pensa assim. Mas se fôssemos menos passivos, se fôssemos menos ilhados, menos tímidos, o Brasil seria outro. Tenho muita simpatia por Mário de Andrade que saiu pelo Brasil afora, amassando barro e fez uma obra notável. Igualmente por Monteiro Lobato homem de livros e ações. Euclides da Cunha, idem. Não sou (apenas) um homem de gabinete. Vai ver que ficou em mim, algo do metodista John Wesley, que dizia: “o mundo é a minha paróquia”

Ainda nesse sentido da profissão, o aprimoramento do sistemas de bibliotecas contribuiria para a formação de leitores e, por conseguinte, para a formação de um mercado?

Para usar um provérbio antigo, cultura é uma coisa que se multiplica dividindo. Por isto, sempre insisti com a Câmara Brasileira do livro para que investissem não apenas no livro, mas no leitor, que o leitor é que vai consumir o livro. Por isto, a leitura é o ponto crucial. Por isto criamos o Proler, que felizmente deu os frutos mais extraordinários sob novas formas, como ocorre atualmente no Ceará.

Durante a ditadura militar, o senhor decidiu voltar para o Brasil e, no trabalho, enfrentou a repressão e a censura. Hoje ainda acredita em arte engajada ou acha limitador?

Talvez a melhor resposta à sua provocação é revelar que este ano a editora Rocco vai comemorar os 30 anos do lançamento de “Que país é este?”. E, para tanto, fez um blog, onde os leitores podem opinar sobre o tema, sempre atual. Por outro lado, relançarei o livro por todo o país, fazendo debates, pois num ano eleitoral a questão torna-se ainda mais crucial: que país é este?

Conheça o escritor

Affonso Romano de Sant´anna nasceu em Belo Horizonte (1937) e foi criado em Juiz de Fora. Desde o começo dos anos 60 participou dos movimentos que transformaram a poesia brasileira, interagindo com os grupos de vanguarda. Nos anos 70, dirigindo o Departamento de Letras e Artes da PUC/RJ, estruturou a pós graduação em literatura brasileira, considerada uma das melhores do país. Trouxe conferencistas estrangeiros como Michel Foucault e, apesar das dificuldades impostas pela ditadura militar, realizou uma série de encontros nacionais de professores, escritores e críticos literários além de promover a “Expoesia” – evento que reuniu 600 poetas. Seu poema “Que país é este? ” tornou-se símbolo da luta pela democracia. Foi Presidente da Fundação Biblioteca Nacional (1990 a 96), quando realizou a modernização tecnológica da instituição, informatizando-a e lançando programas.

Fotos da Ilha da Cultura

2 comentários


Veja mais fotos como esta em RMS - Rede de Mobilização Social