Pela primeira vez, mãe e filho falam juntos sobre as dificuldades e alegrias de manterem a Biblioteca Ilha da Cultura
O projeto existe há 5 anos, mas somente há 3 começamos a batalhar para realizá-lo. Já em 2009 conseguimos inaugurar e concretizar o projeto, inaugurando o espaço Ilha da Cultura.
Nesses sites conheci pessoas que me enviaram livros, DVDs educativos, entres outros materiais que serviriam para me animar ainda mais na iniciativa. A campanha chegou a receber material de Guaxupé, Belo Horizonte, Ribeirão Preto e até São Paulo.
Alguns meses depois Evando dos Santos, do Rio de Janeiro, conheceu meu projeto e resolveu doar à Campanha 4.200 livros. Fiquei muito feliz com a doação, mas o problema seria o transporte desses livros. Com muita dificuldade consegui alguns amigos que me ajudaram no custeio da minha viagem até a casa do Evando, conheci nesse tempo o Paulinho da fábrica de tecidos, que voltava do Rio toda a semana com o baú do caminhão vazio. Então, em duas viagens, com o baú do caminhão cheio de livros, esses chegaram à minha casa. Além de doar uma quantia considerável de livros, Evando se tornou um grande parceiro da Ilha da Cultura.
No meio do ano de 2008, eu consegui fazer uma grande parceria com Mauro César da Silva, do Grupo Máscaras, agora, o projeto Ilha da Cultura tinha uma personalidade jurídica, pois até então um grupo que tinha envolvimento com dança e teatro agora também teria com a literatura, se tornando mais completo no âmbito cultural.
Já em 2008, um fato interessante nessa maravilhosa 'luta literária', nós ganhamos o concurso Pontos de Leitura promovido pelo Ministério da Cultura, com isso a iniciativa da Ilha da Cultura foi reconhecida pelo Governo Federal como Ponto de Leitura e recebemos em 2009 um Kit que é composto de cerca de quinhentos títulos, um computador, uma impressora, almofadas, pufes e estantes, esse Kit tem o valor de R$ 23 mil. Tudo isso para ser usado pela comunidade gratuitamente.
Mesmo já tendo conquistado esse prêmio e muitos livros pelo Brasil, ainda faltava o espaço para disponibilizá-los, como não conseguimos viabilizar um espaço via poder público, no final de 2008, algumas empresas apadrinharam o projeto e começaram a financiar os custos do espaço, como aluguel, água e energia elétrica. Infelizmente quase todos eles ajudaram o projeto por um pouco mais de seis meses, outros ainda ajudam eventualmente, mas hoje quem financia o Projeto Ilha da Cultura, sou eu, minha mãe Luzia, algumas empresas que doam uma quantia eventualmente, alguns amigos colaboradores da cidade que contribuem através de um carnê, a Fort Farma como patrocinadora e a Oros Telecon que sede o sinal da internet.
De 2007 a 2008 não tínhamos apoio da Prefeitura, pois não tínhamos um CNPJ, já de 2008 a 2010, já tínhamos o CNPJ então não apoiaram por que não queriam mesmo, hoje não temos apoio, pois o Grupo tem um débito com a municipalidade, assim é “impossível” o repasse, mas esse débito já está sendo quitado.
Para mim, ter assumido um projeto desta importância, foi um desafio, por que apesar de ter acompanhado e ajudado meu filho desde o início da idéia, na prática, depois do espaço montado, é bem mais difícil, por outro lado é muito prazeroso, pois, além de estar contribuindo para um mundo melhor proporcionando acesso a leitura a esses jovens e crianças, tem a questão do relacionamento com a comunidade, eu as ajudo de um lado e elas me ajudam de outro. Esse vínculo de amizade que criei aqui na biblioteca vale o esforço que faço para manter a Ilha da Cultura funcionando.
Quais são hoje, suas maiores dificuldades para manter a Ilha da Cultura aberta?
Hoje, infelizmente, a maior dificuldade da Ilha da Cultura é a falta de incentivo por parte pública e privada direcionadas a manter o espaço e às ações que podem ocorrer aqui. Precisamos da ajuda de TODOS para manter esse projeto, das pessoas, da prefeitura, dos governos e das empresas, pois esses mais de 10 mil livros são de todos e para todos e isso sem custo algum para os leitores. Para tudo isso funcionar temos o aluguel, água e energia elétrica e isso infelizmente custa dinheiro. O nosso maior desafio é conscientizar as pessoas, as empresas e o poder público que a leitura é essencial e extremamente importante para o desenvolvimento intelectual da nossa sociedade e que incentivar a leitura em nossa cidade só irá trazer benefícios para todos.
Existe uma idéia de uma colaboração em dinheiro de menor valor, o que poderia atrair mais colaboradores. De onde veio esta idéia das contribuições mensais?
Existe sim. A idéia é de um carnê de doações que qualquer pessoa pode se comprometer a ajudar mensalmente e o melhor de tudo é: cada um ajuda com a quantia que pode.
Hoje já temos dezenas de colaboradores e a meta é ter mais e conseguir com isso, além de manter o espaço, comprar material para a biblioteca, fazer eventos para as crianças e ações culturais para a comunidade.
Quantos livros são emprestados em média por mês?
Em média são emprestados cerca de 550 livros por mês e a cada mês que se passa temos um recorde de empréstimos, até hoje já emprestamos mais de 14 mil livros!
Qual o maior público da Ilha da Cultura?
Por mais que não temos um público definido para o nosso projeto, as crianças e os jovens são os que mais buscam livros e pesquisas na Ilha da Cultura.
Onde a Ilha da Cultura consegue apoio hoje para manter suas portas abertas?
Felizmente temos o apoio de algumas pessoas da comunidade, de amigos e algumas empresas como a FortFarma que colabora mensalmente com o projeto.
Como fazer para ajudar a Ilha da Cultura?
É só entrar em contato comigo pelo telefone (35) 8853-2355 ou (35) 8867-2353, ou me procurar na Ilha da Cultura.
O Espaço Ilha da Cultura e a Biblioteca Comunitária Profª. Martha Ribeiro Alves fica à Rua Alfredo de Carvalho. 185, no Bairro Pássaro da Ilha em Guaranésia, MG.
www.ilhadacultura.org.br